Que a obesidade cresce cada dia mais no mundo, não é novidade para ninguém. Mesmo com os avanços da ciência na área da saúde, a população em geral ganha cada dia mais peso. Na contramão, pessoas que estão obesas sofrem cada dia mais com essa pressão e são vítimas do que chamamos de Gordofobia.

Você já ouviu esse termo?

O gordofóbico discrimina a pessoa que está acima do peso com xingamentos pesados, a exclui de eventos sociais e a humilha constantemente. Foi pensando na importância desse tema que fiz uma série de 3 lives neste mês de Agosto.

Veja as lives na minha página no Instagram, no meu canal do Youtube e aqui no site.

Na primeira live, falei sobre a responsabilidade de cada um de nós para evitar que a gordofobia aconteça, inclusive entre aqueles que são responsáveis pelos cuidados com a saúde de todas as pessoas. É preciso que nós mesmos tomemos consciência para evitar que isso aconteça.

Chega da preocupação focada na imagem das pessoas.

Chega de tratamentos e dietas mirabolantes focadas apenas na estética sem saúde.

Chega de discussões nas quais a pessoa gorda não é ouvida e compreendida em sua complexidade humana.

Chega de acreditar que todo gordo está mentindo quando diz que come pouco.

Chega de ter certeza que só uma pessoa magra é saudável e feliz.

A gordofobia entre os profissionais da saúde

São muitos os relatos de pessoas obesas que vão buscar o tratamento de saúde, seja para emagrecer, ou por qualquer outra razão, e acabam se deparando com profissionais preconceituosos que a discriminam, e até as fazem abandonar esses tratamentos. Foi o que aconteceu com a minha entrevistada da segunda live sobre o assunto.

Mayara Marim Aquino, de 31 anos, é jornalista e atualmente está desempregada. Durante sua emocionante participação em minha live ela falou sobre esse tratamento dos profissionais de saúde com os obesos. Para começar, ela me contou que percebeu que a gordofobia foi aparecendo por parte das pessoas, conforme ela ia ganhando mais peso. “Eu percebo que a forma que as pessoas me tratam, no geral, vai piorando conforme eu vou engordando. A forma que me tratavam quando eu estava magra era completamente diferente, até pessoas que já me conheciam, especialmente homens. E homens no geral, especialmente médicos”, diz.

E foi com os médicos que ela disse ter tido umas das suas piores experiências com isso.

Quando ela tinha apenas 19 anos procurou um ginecologista, na época ela pesava 75 quilos, e se deparou com um preconceito que mexeu muito com seu psicológico. “Quando eu fui no ginecologista, com 75 quilos, eu nem estava tão fora dos padrões, ele começou a questionar muito porque eu não tinha uma vida sexual ativa, porque eu não tinha um namorado. E depois disso, começou a falar que eu vivia isso, porque eu era gorda. E eu lembro que eu falei para ele que, para mim, eu estava bem do jeito que eu estava e ele falou: não, não está”.

No auge da depressão, ela se sentia culpada por seu peso e relata que chegou a dar prazos a si mesma. “Eu pensava: se eu não emagrecer em dois anos, eu vou tirar a minha vida”.

O que a fez mudar de ideia foi outro episódio de preconceito, em 2016. Ela resolveu fazer um tratamento envolvendo vários profissionais de saúde e viu a gordofobia de perto, novamente. “Eu vivi muitas coisas nessa época, muito preconceito, que me fez desistir de ir nos médicos, mas também me fez ter forças para começar a lutar contra isso e não deixar ninguém me humilhar. Foi eu saber que eu sou linda como eu sou, que posso ser saudável e que sou muito mais que esse preconceito”, diz Mayara.

Outro grande problema é a falta de atendimento humanizado de muitos médicos, de outras especialidades. Muitas vezes, as queixas e os sintomas não são sequer investigados, pois já recebem o diagnóstico antecipado: – você está doente porque é gorda e precisa fazer uma dieta para emagrecer. Para lidar com isso Mayara conclui: “Hoje vou no médico e digo que sei que preciso emagrecer, e posso ir no especialista para isso, mas deixo claro que estou lá por outro motivo”, conclui.

A gordofobia em espaços públicos

Na terceira live, falei com o tarólogo Roberto Caldeira sobre a questão da gordofobia em espaços públicos. Muitos locais não tem a acessibilidade, garantida em lei, para obesos, o que gera sempre um enorme constrangimento.

Praticamente você não consegue entrar em um transporte coletivo, passar pela catraca ou sentar no banco que caiba você. Enquanto há uma lei dizendo que 10% de assentos de transportes coletivos, devem ser adaptados a obesos”, diz Roberto.

Outra situação desconfortável relatada por ele é em espaços como shoppings centers. “O banheiro é apertado, na mesa da praça de alimentação, você não cabe. Qualquer pessoa com mais de 120 kg não consegue sentar numa mesa fixa, quando há leis que falam que temos aqueles direitos”.

E na hora de viajar de avião, os gastos se somam ao constrangimento. Roberto relata que tem que comprar duas passagens aéreas para se sentir confortável, quando na verdade ele teria essa vaga acessível, garantida por lei. “Fica sempre complicado, sem contar que na maioria das vezes, é necessário que eu peça o extensor de cinto, em um ambiente que todos ouvem. E tudo isso, com pessoas a volta com risos maliciosos e chacotas. O tal do bullying é muito maior do que se pensa”, completa Roberto.

Como melhorar tudo isso?

É necessário ter equipamentos hospitalares que suportem o peso da pessoa obesa, para que elas sejam tratadas nos hospitais como todas as demais pessoas. E por fim incluir o amor próprio como o principal remédio, para o combate as causas da obesidade.

Gostaria de agradecer a Mayara e ao Roberto por suas entrevistas, e dizer que a gordofobia é um tipo de discriminação séria que deve ser combatida, ela gera consequências psicológicas e para a saúde dessas pessoas.

Não seja esse tipo de pessoa, e se presenciar uma cena dessas de preconceito, mostre o quão errado está o gordofóbico!

Quer ver as lives? Clique AQUI e acesse o meu canal no Youtube.

Fatima Miquelim – Nutricionista

Gordofobia: como acontece e como combater

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